Especial Clássicos ao Ar Livre com sessão na área externa Teatro Calil Haddad.
08/10/2022 (SAB)
20h
Av. Dr. Luiz Teixeira Mendes - 2.500
Gratuito
14 anos
Secretaria de Cultura
Filme: Nosferatu
Alemanha/1922 – 94min.
Direção: Wilhelm Friedrich Murnau
Elenco: Max Schreck, Alexander Granach, Gustav von Wangenheim, Greta Schröder, Max Nemetz e Wolfgang Heinz.
Realização: Secretaria de Cultura de Maringá
Coordenação e Curadoria: Paulo Campagnolo
Confira uma resenha do filme Nosferatu, por Paulo Campagnolo:
“Drácula”, o clássico romance gótico de Bram Stoker, escrito em 1897, ganhou, em 1922, uma versão cinematográfica disfarçada com NOSFERATU, do alemão Friedrich Wilhelm Murnau. Disfarçada pois que Murnau teve recusados os direitos autorais da história, e acabou sendo processado pela viúva de Stoker – sendo determinado que todas as cópias do filme devessem ser destruídas. Felizmente nem todas o foram. E assim, o cinema ganhou uma das grandes obras-primas e um dos mais assustadores filmes de todos os tempos – influente até hoje. Aos 100 anos, NOSFERATU traz à luz (!) o Conde Orlok (um impressionante Max Schreck (que, diz a lenda, era um vampiro de verdade), considerado como o mais estranho e hediondo ser de todo o cinema. Mesmo através de sua silhueta, ele é facilmente reconhecível: a cabeça careca, as orelhas pontudas, os ombros curvados, magro e com as suas garras serpenteantes, os olhos encovados, sobrancelhas espessas, que mais parecem duas taturanas gigantes, nariz adunco, olhos encovados e, naturalmente, os dentes – dois incisivos no centro da boca verdadeiramente perturbadores.
E se a sua figura, mais animal do que humana, assombra, Orlok também é um ser assombrado. Não apenas pela condição de morto-vivo, mas pela inesperada capacidade de amar. E o objeto da sua afeição será Ellen, esposa de Thomas Hutter, o encarregado de um corretor de imóveis de ir até os Cárpatos para tratar com o Conde sobre um imóvel que ele deseja comprar na cidade de Wilborg. Ao ver uma foto de Ellen num medalhão, Orlok aceita sem titubeios a proposta feita por Thomas. Tem início uma saga tão assustadora quanto melancólica – com o caráter perturbado do personagem dentro do que é considerada uma representação fiel do cinema da República de Weimar. E um prenúncio (profético talvez) do que seguiria uma década depois, com a ascensão do nazismo na Alemanha, e que espalhou sua “praga” pelo mundo. E ainda o faz, infelizmente.
Murnau, um gênio, ainda faria depois filmes radicalmente incontornáveis – como FANTASMA, A ÚLTIMA GARGALHADA, FAUSTO e, nos Estados Unidos (para onde foi em 1926), AURORA (que certamente paira no Olimpo do Cinema), OS QUATRO DEMÔNIOS, CITY GIRL e TABU, em 1931 – sua despedida do cinema antes de morrer num acidente de carro, aos 42 anos, em 1931. A sessão ao ar livre de NOSFERATU, certamente, será uma experiência. Não percam!